terça-feira, 27 de outubro de 2009

ÁGUA: SINAL VERMELHO ACESO

Todos os habitantes do planeta sabem e entendem hoje a necessidade da água para a vida. Infelizmente alguns ainda não compreendem que a água é um recurso natural limitado e pior, apesar do nosso planeta ser formado de aproximadamente 75 % de água, apenas 2,5 % deste total é água doce - presente nos rios, lagos, lençóis freáticos superficiais e atmosfera.

Mas o cenário complica um pouco mais: menos de um sexto de toda a água doce existente no planeta terra é acessível, ou seja, somente 0,3% da água do planeta é doce e acessível. O restante está concentrado em geleiras, calotas polares e lençóis freáticos profundos, conforme mostra a tabela abaixo:

Como se todos os problemas apresentados acima não bastassem, a água doce disponível está sendo brutalmente poluída: pelos esgotos domésticos e industriais não tratados, pelo uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura; ou ainda desperdiçada: pela irrigação de plantações, mau uso de água tratada; ou, ameaças: ocupação de áreas de mananciais, desertificação de regiões desmatadas.
Sabemos que a falta de saneamento básico é um dos mais graves problemas que assolam o Brasil. Por isso tratarei este tópico em outro artigo. Merece muita atenção.

Quanto mais poluída a água, mais caro torna-se o processo de tratamento. É por isso que nossas contas de água vem aumentando a cada dia. Não pagamos pela água. É um direito de todos. Pagamos para levá-la ate nossas residências e para tratá-la para o consumo humano.
Cada vez mais, a água torna-se escassa para atender as necessidades das grandes metrópoles. Isso se deve ao crescimento demográfico e à mudança na intensidade de consumo, com o acréscimo de mais equipamentos domésticos que utilizam água.
A água é o elemento básico para a vida. Básico, simples, mas jamais reproduzido em laboratório. Embora a fórmula seja simples - dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio (H2O) - nunca foi sintetizada. Não sendo possível reproduzi-la, resta aos governos duas alternativas que já vem sendo utilizadas com sucesso em alguns países: a reciclagem da água de esgoto e a dessalinização da água salgada. O grande empecilho a estas medidas são seus custos.

É essencial então que uma mudança cultural ocorra com muita agilidade. E a população é o principal agente neste processo de mudança.
Para que tenhamos uma idéia da quantidade de água utilizada em alguns processos produtivos, para fazer um quilo de pão, qasta-se mil litros de água, para produzir um boi, com 3 anos de idade, a fase do abate, gasta-se 100 mil litros de água. Será que realmente precisa-se de tanta água assim? Como diminuir estes gastos? São perguntas que precisam ser respondidas.
Em se tratando da agricultura, o maior setor consumidor de água, o desperdício e a falta de planejamento nos processo de produção são os grandes vilões mundiais para este setor.
Segunda dados da ANA – Agência Nacional de Abastecimento, 55% da água utilizada na agricultura brasileira é desperdiçada. Métodos antigos como a inundação, que desperdiça de 60 a 70% da água utilizada e já proibido em quase todo o mundo, ainda é utilizado pelo Brasil em grande escala. Temos também os métodos que utilizam muita energia elétrica e nem sempre são tão eficientes.

Como se vê, urge encontrar uma saída para este impasse. O método do gotejamento pode ser a saída. É um sistema bem simples onde se evita o desperdício. Temos de apostar nestas soluções. É essencial esta quebra de paradigma na agricultura brasileira.

Depois da agricultura, o segundo setor com maior consumo de água, é a indústria. Como exemplo, temos o nosso “carro”-chefe: o automóvel. Quem não gosta de andar em um automóvel novo. Quem passou pelo prazer de comprar o seu primeiro carro zero(melhor ainda se for com seu próprio dinheiro) sabe do que estou falando. Para se produzir um automóvel gasta-se em média 6 mil litros de água, muito utilizada nas pinturas.

Em muitas fábricas a reutilização e a reciclagem da água já é um costume. Os investimentos das montadoras nestes serviços explicam-se até mesmo pela economia nas contas de água.

Para tratar a água, as usinas de reciclagem de água recebem os efluentes da indústria e equalizam seu ph e o nível de oxigênio, alem de passar por um processo de filtragem.
A reutilização da água nos processos de produção industrial já é bastante comum nas grandes indústrias. A água tratada quase não é utilizada durante a produção. Reutiliza-se a água já usada em outro momento do processo. Entretanto, muito ainda pode ser melhorado como veremos adiante.

Na construção civil, o greenbuilding pode ser uma ótima escolha pelas empresas do setor. É um exemplo de projeto que causa menos impactos ao meio-ambiente. Parte do pressuposto que cada obra deva ser pensada e projeta com base no uso consciente de água, energia, a separação do lixo e o baixo custo de manutenção. Quase auto-sustentável.

A sociedade também tem o seu demérito. Até hoje não consigo entender por que as cisternas não vingaram. A água coletada por este meio pode ser utilizada para várias coisas como: regar plantas, jardins, lavar pisos, carros, acredito que até roupas. Olha só a economia que teríamos. Estou fazendo uso na minha casa. Tem sido simples e barato. Meu bolso agradece todo final de mês.

A coleta pelas cisternas pode ser utilizada tanto pela indústria quanto pela população. É só pensar que dos céus vem a salvação. E vem mesmo. A chuva tem sido farta em determinadas regiões do Brasil e do mundo.

Acredito que o governo tem um papel importante na disseminação destas fórmulas de captação de água das chuvas.
Um fantasma que assusta o consumo residencial são as descargas. Vi pesquisas que dizem que as descargas consomem 80% da água utilizada numa residência.

Para contornar este problema grave, pode-se utilizar o vaso sanitário com caixa acoplada que gasta menos água que os dispositivos de descarga, pois armazena menos água.

Algumas novas técnicas são estudadas há alguns anos. Como o hidrovácuo, método utilizado nos sanitários dos aviões. É bastante econômico. Basta adaptar para o uso residencial. Não vejo muitas dificuldades.

Conforme visto, a situação é bem critica. O Estado tem o dever de fiscalizar a correta utilização dos recursos hídricos. Conscientizar a população para o uso racional da água é urgente. Preservação dos recursos naturais deveria ser matéria obrigatória em todos os colégios brasileiros. É uma questão cultural. É fato que também depende muito de nós levar isto adiante. De mim, de você e dos que nos cercam. Desta forma, deixaremos água suficiente para as outras gerações que, e assim, quem sabe, poderemos ver o sinal de alerta da falta de água apagar.

Um comentário:

Unknown disse...

Quando não pudermos mais pagar pela água, daremos o devido respeito a este bem tão valioso.