domingo, 6 de julho de 2008

A ONDA DO CUSTO ZERO

Nasci em Brasília, ainda naquele tempo em que as linhas telefônicas eram negociadas por preços exorbitantes e que dormíamos nas filas da telebrasília para conseguí-las. Demorou a ouvir falar em celular. Era tudo muito caro. Tudo o que era relacionado á tecnologia. A primeira vez que vi um videogame, o telejogo, foi quando um primo que morava no Rio de Janeiro o trouxe durante as férias. Era uma raridade e custava um bocado de dinheiro. O que eu conhecia até então de mais moderno era cinema e bicicleta. De resto as brincadeira eram a bola e o carrinho de rolimã.
Hoje, além do acesso mais direto aos recursos tecnológicos, proporcionado em grande parte pela globalização dos países, vivemos numa era onde o crédito é farto, algo experimentado pelo Brasil recentemente em função da descoberta do mercado de capitais fomentado pelas IPO’s das empresas. Emprestar dinheiro sempre foi um bom negócio no Brasil.
Por globalização entendo como o fenômeno que atravessa fronteiras, invadindo nossas vidas, literalmente, e aproxima nações, não só em termos de comunicação, mas também como meio de distribuição cultural e transferência de conhecimento. É paradoxal. Faz-nos sentir unos e diversos ao mesmo tempo. Cada um em seu país, em sua casa, mas compartilhando idéias e sentimentos comuns, como parte de um todo.
Já a tecnologia são os meios, ferramentas, produtos pensados e criados para facilitar a vida do homem. Não está ligada apenas à modernidade. Como prova disso temos os antigos ferreiros ingleses da idade média. Foram descobertas inúmeras ferramentas criadas por aqueles trabalhadores cada uma com finalidade bastante especifica, embora todas bastante semelhantes. Machados, marretas, foices e alicates de diversos tamanhos e com fios diferentes para obter resultados precisos e extrair o máximo de cada elemento utilizado, facilitando ou melhorando o manuseio das armas. Isso é tecnologia.
Recentemente, o governo do estado do Rio de Janeiro, exigiu em um pregão de telefonia fixa e móvel, custo zero às operadoras num determinado item do edital. É o que eu chamo de “A onda do Custo Zero”. Essa moda está pegando. Vide Google e Microsoft. A Google, a maior empresa do mundo, oferece há anos inúmeros serviços como contas de e-mail, blogs, comunidades virtuais de graça aos usuários. A pergunta que não cala: como essas empresas se mantém se não cobram pelos serviços? Simples, muito simples. Quem paga essa conta são as empresas anunciantes e patrocinadoras dos serviços oferecidos.
A Microsoft tem uma estratégia para tentar desbancar a Google nesse contexto. Os anunciantes da Google pagam por cada clique que o internauta dá em seus ícones de propagandas. A empresa de Bill Gates vai inovar mais uma vez. Somente será remunerada caso o internauta compre o realize um negócio no site anunciante, não bastando apenas que navegue pelo shopping virtual. É grande o risco de não dar certo. Mas risco é para quem tem apetite. E estamos falando das duas maiores “fominhas”do mundo! Tudo isso, graças ao grande avanço da tecnologia mundial e aos efeitos da globalização. Basta olharmos pelo retrovisor para vermos o que acontecia antes. Para se ter uma idéia um telefone celular desses que usamos hoje em dia tem a mesma capacidade de processamento de todos, é isso mesmo, todos, os computadores utilizados na Segunda Guerra Mundial.
Há algumas décadas, um aparelho capaz de armazenar 1 gigabyte custava milhões de dólares e podia ocupar uma sala inteira. Hoje por um preço irrisório podemos armazenar a mesma quantidade de dados num objeto do tamanho de uma moeda de 5 centavos de real. Gordon Moore, fundador da Intel e uma verdadeira lenda do Mundo da TI, na década de 60 fez uma declaração na qual dizia que a cada 18 meses a capacidade de processamento dos computadores dobraria, enquanto os custos permaneceriam constantes. Isto é, daqui a dois anos seria possível comprar um chip com o dobro da capacidade de processamento pelo mesmo preço que você paga hoje.
Tal afirmação ficou conhecida como a "Lei de Moore" a qual vem se mostrando verdadeira até os primeiros anos do século XXI, mas não sabemos se continuará válida diante do desenvolvimento de novas arquiteturas aplicadas na fabricação de processadores. Segundo declarações recentes do próprio Moore, a venerada Lei de Moore chegará ao fim, mas ainda pode demorar um pouco, uns 15 anos. Quem sabe? Particularmente, acredito que, mesmo que tenha fim, a Lei de Moore, ainda resistirá por muito tempo.

Vivemos em processo de constante evolução. A Lei de Moore representa exatamente este conceito. De acordo com pesquisas recentes, conhecemos menos de 10 % do nosso cérebro, ou seja, ainda usamos poco da nossa capacidade de criação, absorção, aplicação e disseminação do conhecimento. Isso não tem fim. O céu já não é mais o limite. No Mundo do conhecimento não há fronteiras.

A “Onda do Custo Zero” corrobora minha contraposição às recentes declarações de Moore. Novas formas de tecnologia surgirão a custos mais elevados num primeiro momento, mas logo a concorrência e a produção em larga escala tratam de inverter essa sentença.

É exatamente o que acontecerá com os veículos movidos por energias renováveis. Hoje já são produzidos, entretanto a um valor inacessível. Não demorará muito para virar realidade. Em cinco anos utilizaremos carros movidos à eletricidade, preservando o meio-ambiente, há um valor bastante atraente. Então, se tudo isso poderá acontecer daqui alguns meses, imagine daqui há 50 anos? Muita tecnologia a preço baixo quando não de graça! Espero estar vivo para ver outras grandes conquistas da humanidade. Mas que as vezes tenho saudades da bola e do carrinho , ah isso tenho sim.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

CERTIFICAÇÕES DE TI: NECESSIDADE OU MODISMO?


Diante da sopa de letras existente no universo da Tecnologia da Informação, BSC, COBIT, ISO, CMMI, ITIL, SOX, SOA, PMP, UP, Esorcing, eSCM-CL, PrATIco, IEEE STD, MPS-BR entre outros, torna-se cada vez mais uma tarefa árdua entender esse mundo e saber qual caminho trilhar.

As certificações de TI tiveram sua origem há alguns anos quando as empresas ao recrutarem profissionais recém-formados necessitavam rapidamente de especialistas em determinadas ferramentas e tecnologias. Muito embora, não substituam a graduação, as certificações, tem um aspecto complementar àquela, valendo “ouro” em alguns casos.

Hoje, ao mesmo tempo em que as organizações lutam para sobreviver no mercado, buscando modelos de qualidade para melhorar seus processos produtivos, os profissionais também estão diante de uma corrida contra o tempo para se capacitar em métodos e ferramentas, agregando às especializações e MBA´s certificações que auxiliam no processo de governança de TI.

O planejamento da carreira profissional é imprescindível para o sucesso. É também um dos fatores relevantes no momento da contratação: a soma de todos os conhecimentos com títulos e certificações adquiridas agrega talento e inteligência. Contudo, é necessário estudar um pouco o mercado de TI antes de se aventurar nos estudos.

Vivemos tempos onde os profissionais de TI precisam atuar em equipes matriciais, as metas são rígidas, a cobrança por resultados é diária e o cliente final exige atenção permanente. É melhor se preocupar em fazer sua própria reengenharia, pois o mercado além de exigente se renova a todo momento.

Valendo-se dos conceitos do livro A Estratégia do Oceano Azul, de Chan Kim, para competir de modo diferente, e não apenas analisar os fatores óbvios quando se está concorrendo a uma vaga, como por exemplo: quem está se candidatando para o mesmo emprego, qual é o seu perfil, qual o seu diferencial, e só então tentar se destacar em relação a outro, devemos avaliar o que realmente levará o profissional ao sucesso, quais os títulos ideais para gerenciar a carreira, com essa pequena reflexão seremos capazes de concluir que a informação é capaz de criar valores significativos para as organizações, possibilitando o desenvolvimento de novos produtos e serviços, e aperfeiçoando a qualidade do processo decisório em toda a organização.

Quem deseja investir na área, deve ficar bastante atento ao que acontece no mercado e às novas tecnologias que despontam a cada dia. Para ser um profissional de sucesso é essencial investir na qualificação, porque neste setor tudo pode se transformar em oportunidade. As possibilidades de atuação são crescentes e as tendências convergem para que os CIO`s busquem os melhores para integrar seu time.

Um levantamento realizado pela Produtive – Outplacement e Planejamento de Carreira, revelou que as áreas de desenvolvimento, gestão de projetos e suporte técnico oferecerão mais vagas entre o último trimestre de 2007 e o primeiro semestre de 2008 no setor de Tecnologia da Informação.

Os profissionais da área de desenvolvimento precisam de treinamentos que visam certificações em determinados ambientes como .NET, Java, Virtualização e Segurança. Já para a área de gestão de projetos, cursos que proporcionam contato com as práticas em PCN – plano de continuidade de negócios com ou sem certificados são bastante solicitados, além do conhecido PMP (Project Manegement Professonal). Em suporte técnico, além do conhecimento técnico atualizado, se o framework ITIL – Information Tchnology Infra-Estructure Library é sempre a mais requisitada pelas empresas.

O ITIL estrutura e elenca as melhores práticas de gerenciamento de TI com foco na entrega de serviços de alta qualidade. É um investimento que traz retornos para todos os setores de uma organização tomando como ponto de partida a área de TI. Com relação a gestão de TI, um framework que desponta a frente dos outros é o COBIT – Control Objectives for Information and Related Technology. É um dos únicos guias de melhores práticas no mercado que aborda praticamente todos os pontos da TI. Sua estrutura abrange 34 objetivos de controle em alto nível e um total de 215 processos.

O COBIT ganhou ainda mais credibilidade por ter seus procedimentos em sintonia fina com o que prega a SOX - Sarbanes-Oxley, lei criada por dois parlamentares norte-americanos que regula e audita as operações de companhias, principalmente aquelas de capital aberto que tenham ações na bolsa de Nova York ou na NASDAQ. Seu principal objetivo é atribuir maior transparência aos controles fiscal e financeiro. No Brasil, algumas empresas já buscam o atendimento às normas da SOX por meio da Governança Corporativa.

O COBIT é bastante utilizado para eliminar alguns vícios no gerenciamento de TI e por ser um processo contínuo torna-se complicada a sua implementação de forma integral.
Aproximadamente 1.300 profissionais foram certificados no Brasil pela ISACA - Information Systems Audit and Cotrol Association, organismo oficial COBIT, e provavelmente essa especialização em pouco tempo será um pré-requisito para os profissionais da área de Gestão de TI. As provas são em inglês e alguns cursos MBA em Governança de TI também abordam aspectos dos fundamentos do COBIT.

Na Era do Conhecimento o planejamento estratégico da carreira é capaz de gerar produtos coletivos, isto é, que atendam às necessidades, aspirações e desejos das organizações com elevada qualidade, e de forma confiável.

Agregar à carreira novas certificações é algo como atender a um chamado latente de encarar os desafios de um futuro que exige cada vez mais especialização e conhecimento mantendo-se atualizado às mudanças e novidades do setor de Tecnologia.